terça-feira, 2 de setembro de 2008

LOOK BOOK

Por simples (?) tédio comprei uma revista para o caso de me aborrecer com o jornal. Os dias que correm são demasiado sombrios e por vezes, não tendo soluções nem me apetecendo ser optimista, preciso ter logo ali à mão um fácil plano B. Uma revistinha serve. Sou obrigada a admitir, com uma irritaçãozinha secreta, que muitas vezes as " revistinhas" incluem texto que vem de encontro a algo com que me debato. Dei de caras com um pequeno artigo sobre o "guarda roupa perfeito". A minha sobranceria contida na forma como encaro determinados assuntos que considero fúteis volatizou-se e, acabei a fazer reflexões sobre o meu guarda-roupa. O meu guarda roupa ideal favorecer-me-á, será fácil de manter, de combinar, minimalista e far-me-á parecer bem também aos olhos dos outros, e a mim em primeiro lugar. Se assim não é deve ser por incapacidade, preguiça ou desleixo certamente. Acho que passei isto (que considerava apenas despreocupação) para a descendência. Pior: incuti a ideia de que cuidar da aparência é algo superficial. O engraçado é que sempre abominei looks desleixados - mais do que apreciei observar alguém bem cuidado. Deve ser possível, sem perder horas, tornar o nosso aspecto agradável, ficando confortável e adequadamente vestida. Por vezes há quem se sinta assim, apesar de o seu aspecto ser deplorável. Abençoadas fotos e câmaras de filmar que põem a nu evidências teimosamente negadas só que... nem sempre há um exército de fotógrafos e câmaras-men a rondar-nos. Um espelho inoportuno também pode ter o mesmo efeito como dei conta quando olhei para um ou outro com mais atenção, por força da figura que estava a fazer! Uma das coisas que na vida activa deixei para depois ao longo dos anos (sabemos que o amanhã pode não chegar mas portamo-nos assim, só para algumas coisas ou para quase tudo, não é?) foi a aquisição dos saberes necessários à arte de bem vestir com pouco mas com qualidade. Tarde demais: agora confronto-me com os efeitos da força da gravidade (para não lhes chamar cotice – de cota, velhota - flacidez, rugas, pele baça, banhas...), esta é a pura verdade. Não há como ficar bem parecido quando se está todo amarrotado pelas intempéries da vida! Embora se possa dizer que em qualquer idade se pode andar bem vestido, blá, blá, blá, não paro de pensar tão mais gira e decerto feliz comigo mesma eu teria ficado se fosse menos desleixada neste assunto... Valeu-me a arrogância de me sentir jovem e bem parecida e assim não dei pelas tristes figuras que devo ter feito. Não foi fácil chegar aqui, concluir que fui estupidamente arrogante, desleixada e burra, por não perceber que afinal de contas nunca soube aperaltar-me. Desvalorizei o valor da aprendizagem - válida para qualquer área - e percebi tarde que isto da arte de saber vestir-se também abre portas ou as fecha. Faz parte do mundo em que vivemos e eu não vim de Marte (julgo)! Arrogância e preguiça são para se pôr de parte quando se quer bom resultado em algo. Fartei-me de tentar transmitir isto!! É preciso procurar professor quando não chega ser autodidata. Valham-me agora “as novas oportunidades”! Nas minhas actuais tentativas de corrigir maus hábitos antigos já me fartei de fazer o que hoje vi classificado como look book (yupi! Aprendi uma expressão nova) no tal artigo da revista, ou seja. Tenho-o feito desenhando mas há quem o faça fotografando. Força, cota! Muita alegria nesse esforço! Energia (€€€€) a mais não convém, que os tempos são de míngua.

1 comentário:

Unknown disse...

Engracado como as coisas que passamos para os filhos, mais raramente do que pensamos passam da maneira que pensamos que passam... ;-)
Podemos limitar a exploracao achando que estamos a ensinar, podemos esquecer-nos dos limites porque "somos amigalhacos", podemos criar pequenos "odios" quando tentamos fomentar um prazer (esta ultima eh golpe baixo da minha parte e a modos que nao digo mais nada alem de "Panelas")... e alem destes cliches de quem "fez-o-melhor-que-soube-mas-nao-correu-lah-muito-bem", podemos atribuir-nos responsabilidades que os nossos filhos nao atribuem...
E sobre isso: nunca vi a senhora minha mae como minimamente responsavel pela forma como me visto. Ponho culpas nos meus pes (espera aih, afinal a culpa acaba por ser dela ah mesma!!! - estah feita ao bife!), porque nao consigo vestir nada que requeira um saltinho alto se sei que vou ter de andar "naquilo" mais do que breves horas. E isto eh realmente uma enorme chatice. Mas quando me apetece muito ou se tem que ser por motivos profissionais, que sofra o corpo e lah vai de bota ou sapato alto!
Para alem disso, nao ha culpas, ha circunstancias e opcoes: se vou fazer exercicio fisico, nao considero pratico carregar mudas de roupa soh para ir mais bonita no caminho... (conheco muita gente que prefere vestir e despir); nao deito fora uma peca de roupa por estar fora de moda se ainda gosto e me sinto bem com ela. E tambem crio ligacoes afectivas com algumas pecas, que bem podem um dia acabar emolduradas no "meu museu"!
Nao sao consideradas por todos optimas opcoes e podia fazer melhor, sem qualquer duvida. Se a Trinny & Susana ou a Stacey e o Clinton quisessem fazer uma visitinha, considera-los-ia uma bencao, mas nunca por uma vez pensei ter a vida 'desgracada' por nao me saber vestir e a culpada disto ser a senhora que me criou. Tire daih o sentido!
Ass.: A descendencia.