domingo, 21 de dezembro de 2008

COMER O PRESÉPIO

Há ideias que não nos abandonam e por vezes são reforçadas com mensagens como as da imagem. Nada tem a ver com o presépio mas por vezes dou por mim a pensar, no momento de começar a comer um suculento bife, nos ternos olhos pestanudos dos bovinos. Pensar em olhos ou vê-los no prato, tira-me o apetite.
Resisto em assumir que contribuo para acabar com a vida de outro ser quando eu própria aprecio tanto a minha. É disso que se trata.
Observar vídeos como o que incluí no blog (herói) e que, a meu ver, testemunham que os animais estão decerto em patamares de sentimentos e inteligência superiores aos que imaginamos (e mesmo que assim não fosse), mais me acalenta a culpa.
A ideia de deixar de comer carne encontra também em mim terreno fértil pela via da preocupação ambiental - há estudos a confirmar a relação do metano proveniente da flatulência dos rebanhos bovinos com o aumento do efeito de estufa no planeta.
Mas, quando me ponho a pensar nas alternativas, pesa o facto de afinal, as plantas serem seres vivos - sem olhos, é certo.
Há quem diga que as pedras também têm vida. Resta-me comer terra o que não será inédito. Lembro-me da mãe contar que uma amiga sua comia barro fresco quando estava de esperanças e pesquisando um pouco, fiquei a saber que as damas da sociedade portuguesa comiam pedaços de barro, visando a elegância. No Haiti e noutros pontos do planeta, a fome leva a que se utilize o barro como alimento.
Talvez a crise, os escrúpulos (crise de mona?) e mais investigação me levem a deixar de ir ao talho e abraçar a geofagia. Ao preço que a carne está, é caso para pensar.

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