sábado, 29 de novembro de 2008

COMPANHIA DE ACTORES

http://www.companhiadeactores.com/ Pouco a pouco este grupo vai conquistando o seu espaço. Surpreendeu-me agradavelmente o trabalho do Tiago Fernandes com o seu papel de "bicha descarada" que não desgruda da minha memória. Diogo Mesquita vestiu bem o esteriotipo de chulo. Cláudia Semedo nada mal apesar de muito jovem para o papel.
Parabéns à Companhia e em especial ao seu presidente e encenador António Terra.

OBRIGADA LURDINHA

Há um ano atrás, perguntava-me com apreensão como iria enfrentar a nova fase, sem os "meus" meninos, sem a tarefa a que dediquei quarenta anos. Iria sentir o vazio da ausência deles, do sentimento de utilidade do trabalho que desempenhava, da urgência das diversas intervenções que o trabalho docente exige e a que quase sempre dei prioridade?
Imaginei-me a chorar pelos cantos apesar de ter tentado habituar-me à ideia da aposentação nos últimos três anos.
Ninguém é insubstituível mas, queremos acreditar às vezes que mais ninguém saberá executar, tão bem como nós, determinadas tarefas. É ingénuo e imodesto mas é assim! E quem quer deixar de sentir que existe para desempenhar uma nobre tarefa?
Apesar de no ano lectivo transacto já se ter começado a sentir com desconforto o resultado da insensatez de algumas directivas no campo da educação, mesmo até ao fim das minhas funções acreditei que prevaleceria o discernimento e que não poderiam, de todo, vir a ser tomadas.
Enganei-me e enganei-me também - felizmente, neste caso - quanto à reacção da classe docente. Que me perdoem os colegas mas tolerámos ao longo de décadas, eu incluída, o que não devíamos ter tolerado. A meu ver, e em três penadas que o assunto é complexo, porque temos uma classe demasiado heterogénea, porque não é fácil unir milhares mas, sobretudo porque a tarefa de ensinar/educar se tornou ano a ano mais e mais difícil absorvendo por vezes até à exaustão as energias.
Não é desculpa, é tentar encontrar razões. O último motivo que aponto devia ter sido suficiente para nos fazer mais que "espernear". Isso fizemos e mesmo assim não de forma organizada, para nos poder levar a decisões que não deixassem resvalar para o abismo o ensino da nação. Em local privilegiado assistimos a tudo. Não soubemos ou se calhar não pudemos agir. Não me refiro apenas ao dizer não colectivamente quando é necessário.
Retiraria hoje algum tempo às minhas inadiáveis tarefas junto dos e para os Zezinhos e Mafaldinhas que por mim passaram para denunciar e opinar sobre o que considerava errado, apesar de opiniões contrárias, apesar das directivas superiormente desenhadas noutros locais que não as escolas por onde passei.
É necessário reflectir, confrontar ideias, mas não ficar por aí. Há que finalizar as intenções de acção a todo o custo. Há que ultrapassar as fronteiras de cada escola, que o mundo não acaba aí e, meus amigos, o tempo corre. É preciso fazê-lo! Havendo o propósito, descobrir-se-á como. E se, apesar de vivermos num país com liberdade de expressão, for preciso dar atenção à possibilidade de vir a sofrer consequências nefastas - o que parece estar a acontecer com mais frequência do que se supõe - que se faça de forma inteligentemente oculta poupando incómodos ou mais que isso, uma vez que nem todos possuem a heroicidade da coragem do confronto mas, ainda assim, com opiniões válidas ou, não o sendo, que provocarão reflexão.
Posso agora responder à pergunta formulada antes: nunca pensei vir a estar tão grata à nossa Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues. É que me facilitou a transição para um "novo capítulo". A Escola onde tive espaço de manobra para desempenhar a tarefa para a qual fui treinada e que sempre me fez dizer "vale a pena", deixou de existir. Lamento isso mas não estou a chorar pelos cantos, não me sinto inútil.
Tenho marcado encontros com as facetas do meu próprio eu adiadas há muito.
Tenho dormido tudo o que me deu na gana - sem remorso e com deleite. Nunca mais acordei a pensar em estratégias para melhor conseguir resultados, nos problemas dos putos - que tantas vezes trouxe para casa, em como me desdobrar para resolver também os problemas/tarefas domésticos, os pessoais, os familiares...
Quis saber como era não ter no dia seguinte quaisquer compromissos, senão os que eu quero, deliciar-me com as pequenas coisas, empreender projectos simples sem relevância aos olhos de outrem, que ficaram para "depois". Por quanto tempo será assim não sei. Não estou preocupada.
Se calhar aconteceria o mesmo sem o empurrãozinho da nossa "Lurdita". Mas, tenho de lhe agradecer a antecipação. Eu tinha casmurramente pensado trabalhar até aos 65.
Hoje levantei-me cedo, e bem agasalhada fui tomar o meu café na esplanada ainda vazia. Deliciei-me com a saudação dos vizinhos, depois com a leitura de um livrinho. Encantei-me com uma bátega de água, com os cinzentos desta manhã esplendorosa! Obrigada Lurdinha, obrigada! Não é que não tivesse gozado as pequenas coisas antes, que até gozei, mas agora têm um outro sabor, além de que posso prolongar quanto tempo quiser. Enfim, renovo energias e preparo-me para outro capítulo uma vez que, parece-me, também este - mais página menos página, está a findar.
Vou seguindo os acontecimentos com alguma preocupação, confesso, mas com o distanciamento e alívio de quem sabe que não terá de participar directamente, se a coisa der para o torto, em atrocidades que afundarão de vez este nosso cantinho para o qual alguns sonharam grandeza o que decerto não se conseguirá sem exigência, trabalho, esforço e sem verdade da parte de todos.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

QUANDO NÃO PODEMOS VENCÊ-LOS

...juntamo-nos a eles.

sábado, 22 de novembro de 2008

PEQUENAS COISAS

Momento feliz é sempre quando escolho um dos simpáticos postais virtuais de Jacquie Lawson para enviar a um familiar ou um amigo. São tão bonitos! Cheios de pormenor, imaginação e bom gosto. Fazem-me sorrir antevendo o momento da recepção.
Bem haja Jacquie pelas pequenas alegrias que me proporciona há um ano.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

O QUE UM GATO PODE FAZER

Nas memórias da minha primeira infância está um gatinho preto, com fita vermelha e guiso ao pescoço, que inadvertidamente entrou pela janela da nossa casa, no Rego. Seria apenas um facto normal que me proporcionava a alegria por ter um bichano por perto. Mas o dito gatinho era um habilidoso que utilizava a sanita. Um espanto! O nosso visitante permaneceu três dias lá por casa e, como entrou assim desapareceu. Cheguei a pensar que se tratava de uma "memória inventada" até ter a confirmação, pela minha mãe que a memória era real. No youtube reconfirmei a possibilidade. Desculpem a visão escatológica mas, memórias são memórias!

TER MEDO DA SOMBRA

Conhecem a expressão "ter medo da sombra"? Ora aí está uma óptima exemplificação!

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

IR

Caminhando contra o vento Sem lenço e sem documento No sol de quase dezembro Eu vou... ...... Por entre fotos e nomes Os olhos cheios de cores O peito cheio de amores vãos Eu vou Por que não, por que não... ...... Sem lenço, sem documento Nada no bolso ou nas mãos Eu quero seguir vivendo, amor Eu vou... Por que não, por que não... Da composição de Caetano Veloso Não é um regresso ao passado. É ainda o mesmo encanto, apesar de

domingo, 16 de novembro de 2008

UM DIA (QUASE) PERFEITO

É mesmo verdade que a felicidade está nas pequenas coisas.
Consideramos saúde, dinheiro e amor os pilares dela mas sabemos que se pode não ter nada disso e, ainda assim ter bons momentos. Se se tem bons momentos e um, dois ou os três "pilares" então trata-se de perfeição ou quase - conforme falte algum dos três. É o caso.
Que posso dizer de um dia esplendoroso, de uma manhã de passeio pedestre na companhia de amigos por lugares que me eram desconhecidos até agora, de um verdadeiro petisco ao almoço seguido de nova tarde de passeio, de um jantar saboroso e um cineminha a rematar o dia?
Um dia perfeito (quase). Venham muitos. Estou grata.

domingo, 2 de novembro de 2008

TRIUNFO DA MORTE

Pieter Breugel- O Triunfo da morte
Triunfa sempre, sem remédio. Nada será igual e tudo permanecerá igual.
Descansa em paz, querido Marco.
31-10-2008 O dia da Morte_William_Adolphe
A premeditação da morte é premeditação da liberdade. Quem aprendeu a morrer desaprendeu de servir. Saber morrer liberta-nos de toda a sujeição e imposição. Na vida não existe mal para aquele que compreendeu que a privação da vida não é um mal.
Michel de Montaigne, in 'Ensaios' O que mais me intriga e dói na nossa morte, como vemos na dos outros, é que nada se perturba com ela na vida normal do mundo. Mesmo que sejas uma personagem histórica, tudo entra de novo na rotina como se nem tivesses existido. O que mais podem fazer-te é tomar nota do acontecimento e recomeçar. Quando morre um teu amigo ou conhecido, a vida continua natural como se quem existisse para morrer fosses só tu. Porque tudo converge para ti, em quem tudo existe, e assim te inquieta a certeza de que o universo morrerá contigo. Mas não morre. Repara no que acontece com a morte dos outros e ficas a saber que o universo se está nas tintas para que morras ou não. E isso é que é incompreensível - morrer tudo com a tua morte e tudo ficar perfeitamente na mesma. Tudo isto tem significado para o teu presente. Mas recua duzentos anos e verás que nada disto tem já significado.
Vergílio Ferreira, in 'Escrever' Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada.
Fernando Pessoa
O homem fraco teme a morte, o desgraçado chama-a; o valente procura-a. Só o sensato a espera.
Benjamin Franklin Começamos a morrer no momento em que nascemos, e o fim é o desfecho do início.
Marcus Manilius Morremos um pouco cada vez que perdemos um ente querido.
Publilius Syrius
A certeza da morte tem menos influência sobre a conduta do homem do que seria de esperar.
A L. Gordon