terça-feira, 16 de setembro de 2008

TAREFA ADIADA

Há muito eu queria pisar aquela rua, ver a casa... Não sei para quê. Talvez faça parte de um processo de ajuda a saber quem sou. A casa ainda existe. É real. Lembro-me até dela. Lá está a janela do quarto dos meus pais, e outra de onde fui raptada, segundo relato da minha mãe. A curiosidade é grande. Uma senhora observa-nos pela janela entreaberta e abordamo-la, justificando o "assalto" com a máquina de fotografar. Conto-lhe quem sou e relato algumas coisas que lembro ter vivido naquele local. Ela abre a porta e deixa-me espreitar. Vejo a entrada do quarto dos meus pais, o local logo à entrada que deve ter sido o quarto das crianças - o nosso.. Ficou ali a fazer perguntas. Agora era eu que satisfazia a curiosidade dela. Porque adiei a visita aquele local? Não foi um palco de muitas alegrias, fazendo fé no que a minha mãe contava mas, para mim não é um lugar de más memórias porque as que tenho até são, quase todas, engraçadas. Mas, imaginando-nos (a nós e a ela) ali sinto uma certa inquietação. Prevalece o alívio de ter escapado à estreiteza daquelas paredes, em todos os sentidos. Devia ter ido lá há mais tempo.

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