Há muito eu queria pisar aquela rua, ver a casa...
Não sei para quê. Talvez faça parte de um processo de ajuda a saber quem sou.
A casa ainda existe. É real. Lembro-me até dela.
Lá está a janela do quarto dos meus pais, e outra de onde fui raptada, segundo relato da minha mãe.
A curiosidade é grande. Uma senhora observa-nos pela janela entreaberta e abordamo-la, justificando o "assalto" com a máquina de fotografar.
Conto-lhe quem sou e relato algumas coisas que lembro ter vivido naquele local. Ela abre a porta e deixa-me espreitar. Vejo a entrada do quarto dos meus pais, o local logo à entrada que deve ter sido o quarto das crianças - o nosso..Ficou ali a fazer perguntas. Agora era eu que satisfazia a curiosidade dela.
Porque adiei a visita aquele local? Não foi um palco de muitas alegrias, fazendo fé no que a minha mãe contava mas, para mim não é um lugar de más memórias porque as que tenho até são, quase todas, engraçadas. Mas, imaginando-nos (a nós e a ela) ali sinto uma certa inquietação. Prevalece o alívio de ter escapado à estreiteza daquelas paredes, em todos os sentidos. Devia ter ido lá há mais tempo.
Sem comentários:
Enviar um comentário