terça-feira, 16 de setembro de 2008

TAREFA ADIADA

Há muito eu queria pisar aquela rua, ver a casa... Não sei para quê. Talvez faça parte de um processo de ajuda a saber quem sou. A casa ainda existe. É real. Lembro-me até dela. Lá está a janela do quarto dos meus pais, e outra de onde fui raptada, segundo relato da minha mãe. A curiosidade é grande. Uma senhora observa-nos pela janela entreaberta e abordamo-la, justificando o "assalto" com a máquina de fotografar. Conto-lhe quem sou e relato algumas coisas que lembro ter vivido naquele local. Ela abre a porta e deixa-me espreitar. Vejo a entrada do quarto dos meus pais, o local logo à entrada que deve ter sido o quarto das crianças - o nosso.. Ficou ali a fazer perguntas. Agora era eu que satisfazia a curiosidade dela. Porque adiei a visita aquele local? Não foi um palco de muitas alegrias, fazendo fé no que a minha mãe contava mas, para mim não é um lugar de más memórias porque as que tenho até são, quase todas, engraçadas. Mas, imaginando-nos (a nós e a ela) ali sinto uma certa inquietação. Prevalece o alívio de ter escapado à estreiteza daquelas paredes, em todos os sentidos. Devia ter ido lá há mais tempo.

REAL E IMAGINÁRIO

M. luta pela vida no IPO. Real ou imaginário?
Há lágrimas, soluços entrecortados, palavras cujo som é emitido sem controlo não parecendo a nossa voz. Há suspiros e gemidos... Quanta dôr!
Abraçamo-nos. Socorremo-nos como podemos.
Respiramos enquanto ele mal o pode fazer; alimentamo-nos quando ele não consegue; movemo-nos sabendo-o ali manietado; falamos enquanto ele comunica apenas pela escrita, em breves palavras...
A situação é por demais real. Ele está ali, pálido, entubado, mudo e nas nossas memórias soam palavras sem esperança dos médicos que o seguem.
Almoçámos em família e parece estranho ou traição falarmos de trivialidades ou sorrir. Não podemos sofrer a tempo inteiro, sob o risco de enlouquecer. O próprio cérebro se encarrega das "fugas". A imaginação encarrega-se de nos transportar para cenários imaginários que vêm em nosso auxílio.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Gerês, Junho de 2008
Uns queriam ter olhos claros; outros, enxergar. Uns queriam ter voz bonita; outros, falar. Uns queriam silêncio; outros, ouvir. Uns queriam sapatos novos; outros, ter pés. Uns queriam um carro; outros, andar. Uns queriam o supérfluo; outros, apenas o necessário. (Chico Xavier) Quando parece que tudo vai mal, valha-nos a poesia!

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

HB STUDIO, NY

É já segunda feira que vem. Chuif! Chuif! A nossa estrelinha (para mim é mais um sol) regressa por mais um ano a NY. Valha-me S. Skype!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

LOOK BOOK

Por simples (?) tédio comprei uma revista para o caso de me aborrecer com o jornal. Os dias que correm são demasiado sombrios e por vezes, não tendo soluções nem me apetecendo ser optimista, preciso ter logo ali à mão um fácil plano B. Uma revistinha serve. Sou obrigada a admitir, com uma irritaçãozinha secreta, que muitas vezes as " revistinhas" incluem texto que vem de encontro a algo com que me debato. Dei de caras com um pequeno artigo sobre o "guarda roupa perfeito". A minha sobranceria contida na forma como encaro determinados assuntos que considero fúteis volatizou-se e, acabei a fazer reflexões sobre o meu guarda-roupa. O meu guarda roupa ideal favorecer-me-á, será fácil de manter, de combinar, minimalista e far-me-á parecer bem também aos olhos dos outros, e a mim em primeiro lugar. Se assim não é deve ser por incapacidade, preguiça ou desleixo certamente. Acho que passei isto (que considerava apenas despreocupação) para a descendência. Pior: incuti a ideia de que cuidar da aparência é algo superficial. O engraçado é que sempre abominei looks desleixados - mais do que apreciei observar alguém bem cuidado. Deve ser possível, sem perder horas, tornar o nosso aspecto agradável, ficando confortável e adequadamente vestida. Por vezes há quem se sinta assim, apesar de o seu aspecto ser deplorável. Abençoadas fotos e câmaras de filmar que põem a nu evidências teimosamente negadas só que... nem sempre há um exército de fotógrafos e câmaras-men a rondar-nos. Um espelho inoportuno também pode ter o mesmo efeito como dei conta quando olhei para um ou outro com mais atenção, por força da figura que estava a fazer! Uma das coisas que na vida activa deixei para depois ao longo dos anos (sabemos que o amanhã pode não chegar mas portamo-nos assim, só para algumas coisas ou para quase tudo, não é?) foi a aquisição dos saberes necessários à arte de bem vestir com pouco mas com qualidade. Tarde demais: agora confronto-me com os efeitos da força da gravidade (para não lhes chamar cotice – de cota, velhota - flacidez, rugas, pele baça, banhas...), esta é a pura verdade. Não há como ficar bem parecido quando se está todo amarrotado pelas intempéries da vida! Embora se possa dizer que em qualquer idade se pode andar bem vestido, blá, blá, blá, não paro de pensar tão mais gira e decerto feliz comigo mesma eu teria ficado se fosse menos desleixada neste assunto... Valeu-me a arrogância de me sentir jovem e bem parecida e assim não dei pelas tristes figuras que devo ter feito. Não foi fácil chegar aqui, concluir que fui estupidamente arrogante, desleixada e burra, por não perceber que afinal de contas nunca soube aperaltar-me. Desvalorizei o valor da aprendizagem - válida para qualquer área - e percebi tarde que isto da arte de saber vestir-se também abre portas ou as fecha. Faz parte do mundo em que vivemos e eu não vim de Marte (julgo)! Arrogância e preguiça são para se pôr de parte quando se quer bom resultado em algo. Fartei-me de tentar transmitir isto!! É preciso procurar professor quando não chega ser autodidata. Valham-me agora “as novas oportunidades”! Nas minhas actuais tentativas de corrigir maus hábitos antigos já me fartei de fazer o que hoje vi classificado como look book (yupi! Aprendi uma expressão nova) no tal artigo da revista, ou seja. Tenho-o feito desenhando mas há quem o faça fotografando. Força, cota! Muita alegria nesse esforço! Energia (€€€€) a mais não convém, que os tempos são de míngua.